domingo, 21 de setembro de 2008

Linda Letra - Parece-se muito comigo também!!!


Eu sou a flor de Sevilha,
Rosalina da terra do Sol!
no ouro da minha mantilha,
rubeja o fogo espanhol!

Quando as salas estão cheias,
nas verbenas do Alcazar,
concentro azougue nas veias
e vitríolo no olhar!

Danço a zambra, entre sorrisos,
quebrando os braços e os rins,
ao retintinir dos guizos,
tricolejar dos cequins!

A gambiarra ensandalada,
infanta e odalisca, eu sou
uma pantera assanhada,
que freima enfervorizou!

Goya, encarnando a luxúria,
fez a “Maja” granadi!
Só ele exprimiu a fúria,
que ardeja em meu frenesi!

Simulo uma labareda,
columbreando no salão,
longa víbora de seda,
a roxo-rei e zarcão!

E, esfuzilando, felina,
a rir e a gritar: — olé!
Minha peçonha assassina
enfeitiçou dom José!

Temperamento boêmio,
sendo agarena, talvez,
meu coração é irmão gêmeo
das gitanas do Xerez!

Há um nufar, que, um dia, no ano.
Um dia, apenas, reluz:
É assim o amor sevilhano,
é assim o beijo andaluz!

Repicando a castanhola,
minha estridência contém
arrogância de espanhola,
furor, de fera no harém!

São negros os meus cabelos,
como os meus olhos tafuis,
porém tão negros que, ao vê-los,
até parecem azuis!

Os cascavéis do pandeiro
estridulam, em destom,
num trastralastrás brejeiro,
ou surdo dongolodrom!

E, espaventando o exagero,
bela, bárbara, brutal,
fulveja meu desespero
na sarabanda infernal!

— Bravo! Que guapa y reguapa!
e, em delírio, um toureador
aos meus pés estende a capa,
embebedado de amor!

E, para que ele se zangue,
meu desprezo respondeu:
— Que culpa tem o meu sangue
de ser mais rubro que o teu?!

É volúvel, mas sincero,
meu coração de mulher:
A quem me quer, eu não quero.
Só quero a quem não me quer.

(Canção Gitana -por Martins Fontes)

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Eternamente Alquimista - Ministro Osíris

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Uma pessoa que gosta de estudar muito e pesquisar a respeito do comportamento da máquina humana, bem como classifica-las dentro de uma visão da física quântica!